segunda-feira, 30 de julho de 2012

Café, Cinema e Racismo



Sexta de calor no alto inverno carioca. Era dia 27 de julho de 2012. Álvaro Maciel Junior, vulgo Alvinho, me chamou para uma conversa. Ele abriu uma produtora audiovisual com mais dois amigos e queria conversar sobre cinema, filmes, séries, etc.

Por volta das 17:00h Alvinho me ligou para dizer que já havia chegado no lugar marcado. Ele estava sentado em um banco na Praça Marechal Floriano, mais conhecida como Cinelândia. Não teria lugar mais apropriado para um papo sobre cinema do que a Cinelândia. Lugar que em outros tempos concentrava grande parte do parque de salas de cinema na cidade maravilhosa.

Convidei-o para sentar na Café Ateliê Odeon BR. Na minha modesta opinião, o Cinema Odeon está para o cinema assim como o Maracanã para o futebol. É a grande casa do cinema. No Cinema Odeon, por pior que seja o filme, a visita já vale o ingresso.

Sentamos na varanda do café por volta das 17:10. Havia poucas pessoas no recinto. Duas mesas ocupadas na parte de dentro e uma além da nossa na varanda. Conversamos sobre diversas questões do audiovisual. Falei da recente regulamentação da lei da TV paga, dos novos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual entre outras coisas.

Procurei a primeira vez por um garçom. Olhei a minha volta e nada. A conversa continuou...

Álvaro falou das suas estratégias, comentou sobre seus sócios e de algumas produções que estavam em mente. O tempo passou e novamente procurei por um garçom, queria um café expresso. Já era noite e ninguém havia perguntado se gostaríamos de algo para comer ou beber.

Cerca de 18:15 tive que, infelizmente, terminar o ótimo papo. Ainda havia muito trabalho para terminar na ancine, onde eu trabalho.  Ficamos um pouco mais de 1 h no Café Ateliê Odeon BR e não nos foi oferecido absolutamente nada. Percebi naquele momento que o estabelecimento estava cheio. O interior do Café havia muitos lugares ocupados e a varanda com muitas mesas a mais do que no momento que havíamos chegado.
Levantamo-nos e eu comentei com o Álvaro: “Já que ninguém me serviu um cafezinho, vou tomar na Ancine mesmo”. Já na parte fora do café, na Praça Marechal Floriano, me virei e olhei para o café. Pra minha triste surpresa, todos tinham sido assistidos e só havia a nossa mesa vazia, a mesa onde tinha os únicos negros no Café Ateliê Odeon BR.

Eduardo Lurnel é carioca, negro e assessor da Diretoria Colegiada da Ancine.

*correções em 31/07/12
Atualização em 31/07/12 as 14:04.

Respota do Cafe Ateliê Odeon BR

Oi prezado, pedimos desculpas pelo ocorrido e, posso estar enganada, mas desde que o estação existe, racismo é algo que passa longe do nosso conceito. Pode ter havido sim uma baita falta de atenção (o que, infelizmente acontece) por parte do pessoal de atendimento. 

Pessoal esse que já foi advertido e a responsável pelos cafés pede mais mil desculpas e convida para um café por conta da casa. Basta chegar no cinema e procurar a gerente. (diga, por favor, que é convidado meu (liliam) e da ana cristina (a responsavel pelo café).

Qq outra reclamação ou sugestão, é só falar.
Att
Liliam e Ana Cristina

5 comentários:

  1. "Esse é o retrato de como o(a)s Negro(a)s são tratados no Brasil,só com muita educação e cultura,essa triste realidade vai mudar,vamos seguir dando nossa contribuição,trabalhando e denunciando esse "Racismo Velado",só assim isso vai mudar,Parabéns pelo trabalho que vocês tem desenvolvido,meus dois queridos amigos Eduardo Lurnel e Álvaro Maciel Jr"...!!!

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  2. Racismo não se paga com um cafezinho, uma bela indenização para comprar uma plantação de café,quem sabe, até esses "irmãos" entenderem que somos iguais.

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  3. Gostei da ideia da plantação de café Zilda. rsrsrsrs

    Mas o que mais me deixa triste é a negação ao racismo.

    É sempre tentar jogar o preconceito pra debaixo do tapete. Nesse caso, para debaixo da xícara!

    abs

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  4. Sou negra também, posso tomar café de graça com vocês?! rsrsrs Brincadeiras a parte, faço votos que o ocorrido tenha sido mesmo um mal entendido. Até o presente momento, nunca percebi, e confesso não prestar a atenção, ter passado por este tipo de situação. Não sei qual seria minha reação.

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