terça-feira, 28 de junho de 2011

Menos um Soldado




Ontem durante o almoço recebi a notícia do falecimento do Sr. Gustavo Dahl. Na hora uma sensação muito ruim. A morte sempre assusta, mas nesse caso, o sentimento foi um pouco diferente. 

Tenho pouco vínculo afetivo, com o Gustavo. Minha relação com ele se resume a alguns encontros em eventos, festas, seminários, palestras e corredores. Cheguei à Ancine depois do término do seu mandato como Diretor Presidente da agência.

O sentido não de perda de um amigo, mas sim, da perda de um guerreiro. Um guerreiro que mesmo com algumas divergências, lutava do seu lado. Os objetivos, as batalhas, eram as mesmas.

Hoje, o exército que luta por um mercado audiovisual brasileiro forte, com uma maior circulação e veiculação das obras produzidas aqui, está mais frágil. A trincheira do cinema brasileiro perdeu um dos seus mais experientes e combativos soldados.

Adeus Gustavo Dahl.

sábado, 25 de junho de 2011

Vâmo Kombinar

 Doc realizado pelo novo, mas já amigo, @dinho_rio.
O Vídeo fala sobre a importância do transporte alternativo na Ilha do Governador.
É a primeira experiência com realizador audiovisual do @dinho_rio

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sinal amarelo aceso



 publicado originalmente na Edição nº0 da Revista Empty.
Para a primeira edição da Revista Empty, os Direitos Autorais foi o tema escolhido para a coluna sobre política cultural. Desde os primeiros dias de 2011 o debate sobre o tema tomou conta das páginas dos jornais, postagens nas mais diversas redes sociais e blogs pela internet a fora. Mas por quê? Que confusão é essa? 

 O Ministério da Cultura (MinC) no governo Lula foi gerido por Gilberto Gil, que foi substituído por  Juca Ferreira em 2007. Durante últimos 3 anos dessa gestão, o MinC realizou uma série de seminários em todo o território nacional sobre a gestão da propriedade intelectual e dos direitos autorais no Brasil. Esses seminários tinham como objetivo formar massa crítica e acumular conhecimento para a elaboração de um ante projeto de lei.  Em julho de 2010, o MinC publicou para consulta pública um anteprojeto de lei que visava substituir a atual dos lei dos direitos autorais (Lei 9610/98). O projeto de lei ficou 2 meses em consulta pública e segunda o próprio ministério recebeu 7863 contribuições. A participação aconteceu de todas as formas, cartas, artigos, emails e até sinais de fumaça.

O processo de consolidação das contribuições demorou. Apenas no dia 23 de dezembro de 2010 o Ministério da Cultura enviou para a Casa Civil o anteprojeto de lei consolidado para análise e posterior envio ao Congresso Nacional.
E chegou a nova ministra da Cultura, Ana de Hollanda.
Depois de um mês de instabilidades e inseguranças de todo setor cultural do país, no dia 21 de dezembro a presidenta Dilma Rousseff confirmou a cantora e gestora Ana de Hollanda no lugar do então ministro Juca Ferreira. 

É normal, natural e elegante que um tema dessa magnitude, que será debatido no Congresso Nacional durante um bom tempo, seja analisado pela nova gestão do Ministério da Cultura antes do envio para a Câmara dos Deputados. A Casa Civil, que também tinha ministro novo, devolveu ao MinC o anteprojeto de lei sobre os direitos autorais. Isso é pratica da Casa Civil. Ela fez isso com todas as matérias enviadas no fim do ano independente do setor. Quem diz que esse procedimento foi solicitado pela nova gestão do MinC está sendo leviano e mentiroso.

Até esse momento, não havia problema nenhum. Tinha era muita gente colocando chifre na cabeça de cavalo, como diz a minha avó Mané. No entanto, nos primeiro dias da nova gestão ministerial, foi retirado do site do MinC (www.cultura.gov.br) a licença Creative Commons (CC). E o que o CC tem haver com essa discussão? Tudo!

O Creative Commons disponibiliza licenças para uso de obras, sejam elas, textos, vídeos, fotos ou músicas. Com o CC o autor diz de que forma a sua criação pode ser difundida na sociedade. O que não quer dizer que o autor não poça ser remunerado pela sua criação. O uso das licenças Creative Commos é opcional e todas as licenças são totalmente adaptadas à atual legislação brasileira (Pra saber mais sobre as licenças entre www.creativecommons.org.br). Porém, não é o que a ministra vem dizendo por aí. Para justificar a retirada da licença do site do ministério, Ana de Hollanda argumenta que o Creative Commons é uma ONG que não pensa na remuneração do autor e que o selo na página eletrônica do ministério é uma propaganda da entidade.

Esse ato, junto com essa explicação estapafúrdia, desencadeou uma onda de manifestações contra a ministra. Muitas legítimas, porém muita gente usou a instabilidade política instalada para fazer disputas menores e debates desqualificados. Tem muita gente preocupada mais com o “pinga aqui” ou com “Cadê meu dinheirinho” do que realmente fazer o debate sobre os direitos autorais no país. É uma pena, só com a mobilização social e a participação dos atores da cultura que é possível avançar e aprimorar as políticas públicas de cultura.

Ana de Hollanda trocou o diretor da pasta que coordenou todo o processo de discussão sobre os direitos autorais, o que é normal durante uma mudança de gestão. Muito foi falado sobre o ato, contudo, pessoalizar as discussões é cair em um debate vazio e sem conseqüências proveitosas. Importante mesmo é saber se a nova diretora de direitos intelectuais vai implantar uma política de gestão da propriedade intelectual democrática e progressista, preocupada não só com a remuneração dos autores, mas também com o acesso da população aos bens culturais.

A gestão atual do MinC colocou o anteprojeto de lei dos direitos autorais novamente em consulta pública, mas agora de forma restrita e complicada (veja em: http://www.cultura.gov.br/site/2011/04/20/ultima-fase-da-revisao-da-lda/). Segundo o novo cronograma, dia 15 de julho um novo anteprojeto de lei será enviado à Casa Civil para apreciação e posterior encaminhamento ao Congresso Nacional.
Não há nada que justifique de fato gritarias, fortes protestos e manifestações contra a atual ministra da cultura, no entanto, são evidentes os sinais que podem ocorrer alterações nesse anteprojeto de lei que valorize o direito de propriedade em detrimento a circulação de idéias.

É urgente um novo marco legal que organize a gestão da propriedade intelectual no país. Um novo regramento que amplie circulação a difusão de conteúdos, mas que também remunere de forma adequada o autor. É fundamental, que o atual sistema de arrecadação e distribuição de recursos para artistas e autores seja revista, e que o novo modelo seja transparente e com controle social.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Entrevista: A importância e representatividade do cinema do Paraná, por Marcos Cordiolli

 
Marcos Cordiolli, produtor de cinema e hoje companheiro de trabalho na assessoria do diretor da ancine Glauber Piva, concedeu ótima entrevista sobre a conjuntura do cinema panaraense.


Ele apresenta um cenário cinematográfico da região que muitos no eixo Rio/SP não conhecem.

O Paraná pode ser considerado um grande centro de produção em Cinema? Por quê?

Em termos quantitativos, a produção de cinema comercial brasileiro está concentrada no Rio de Janeiro, que em 2009 produziu 54,8% dos filmes nacionais lançados. O Rio de Janeiro lançou cerca de 400 filmes entre 2005 e 2010, enquanto o Paraná disponibilizou no circuito comercial pouco mais de uma dezena de produções. Mas esta é apenas a ponta do Iceberg. O Paraná tem uma produção de filmes de curta e média metragens reconhecida e qualificada.

O Paraná está em situação muito promissora quando se trata de produção de cinema. É sede de diversas produtoras atuando intensamente. Instituiu um prêmio estadual que garante a cada dois anos (que deveria ser anual) a realização de um longa metragem e três telefilmes. Mantém escola de cinema na FAP e outros cursos profissionalizantes. Dispõe de um diversificado e amplo quadro de atores com experiência. O Paraná é também um estado cenário com diversidade de paisagens e de etnias.

Em Curitiba tem-se uma intensa produção de filmes publicitários. Estão instaladas empresas fornecedoras de equipamentos de produção. Também é sede da empresa do estúdio de som do Alessandro Larocca, incontestavelmente, a melhor do país (recebeu quatro das cinco indicações no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro em 2011). Estas fatores potencializam a produção cinematográfica em Curitiba e no Paraná.
Os filmes paranaenses de curta e longa metragem há muito tempo são destaque em festivais internacionais. E, entre as animações, o Brasil produziu menos duas dezenas de filmes em toda a nossa história e dois deles são de Paulo Munhoz, do Paraná. Portanto, posso afirmar que o Paraná, potencialmente, é um grande centro de produção em cinema.

Quais as principais características ou particularidades do cinema paranaense e seus diretores?

O Paraná tem uma variada produção cinematográfica em diversos gêneros e formatos. Eu vou tratar aqui, com certa injustiça, apenas dos filmes de longa metragem produzido nos últimos anos em Curitiba. Por dois motivos. Primeiro, porque são os filmes de longa metragem produzidos para salas comerciais de exibição que efetivamente promovem um território como produtor de cinema. E, segundo, porque é o segmento que conheço melhor.
Os filmes do Paraná possuem qualidade de produção internacional, ou seja, estão qualificados para exibição em qualquer sala de cinema ou canal de TV do mundo. Por outro lado tem se destacado pela qualidade estética, sendo que quase todos eles obtiveram sucesso em festivais internacionais. “Estômago” de Marcos Jorge, foi reconhecido pela crítica brasileira e internacional, conquistou uma legião de fãs, arrebatou vários prêmios em festivais internacionais e obteve bom público em circuitos comercias de vários países. O Sal da Terra fez sucesso em dois festivais internacionais, um em Paris e outro na Califórnia, e é reconhecido como Road movie, ousado e significativo. “Belowars” é a poesia visual na sua forma mais absoluta, foi reconhecido em festivais internacionais e acredito que ainda não foi descoberto pelo público, o que ocorrerá mais cedo ou mais tarde. “Misteryos”, de Beto Carminatti e Pedro Merege, concorreu ao grande prêmio do cinema brasileiro e seguramente deverá ser objeto de estudos nas escolas de cinema pelos planos e seqüências criativas, entre outras qualidades. Corpos Celestes, de Marcos Jorge e Fernando Severo, muito diferente de outros filmes produzidos no Brasil, é uma pérola: elegante, requintado e extraordinariamente bem elaborado. “Brichos”, também de Paulo Munhoz, institui uma família de personagens animados baseados na fauna brasileira que pode vir a se incorporar definitivamente a cultura infantil, com breve lançamento de “Braimforest – A floresta é nossa”. O “Morgue Story: sangue, baiacu e quadrinhos”, de Paulo Biscaia Filho, é também primoroso e representante maior no Brasil das obras elegantes que se incluem no ambiente estético denominado de filme B. O Curitiba Zero Grau, também, de Eloi Pires Ferreira, recupera a tradição dos cronistas locais e a traduz na linguagem cinematográfica com apurada intertextualidade visual. Todas estas obras são candidatas a reverência como filmes Cult que serão assistidos nas mais diversas circunstâncias. Ainda não vi “O Coro” de Werner Schumann e “Circular” de Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon e, segundo o que ouvi, parecem ser dois filmes do mesmo grupo: construção estética apurada com aprimorada linguagem cinematográfica.

Para ler a entrevista completa clique aqui.

segunda-feira, 6 de junho de 2011