segunda-feira, 13 de junho de 2011

Entrevista: A importância e representatividade do cinema do Paraná, por Marcos Cordiolli

 
Marcos Cordiolli, produtor de cinema e hoje companheiro de trabalho na assessoria do diretor da ancine Glauber Piva, concedeu ótima entrevista sobre a conjuntura do cinema panaraense.


Ele apresenta um cenário cinematográfico da região que muitos no eixo Rio/SP não conhecem.

O Paraná pode ser considerado um grande centro de produção em Cinema? Por quê?

Em termos quantitativos, a produção de cinema comercial brasileiro está concentrada no Rio de Janeiro, que em 2009 produziu 54,8% dos filmes nacionais lançados. O Rio de Janeiro lançou cerca de 400 filmes entre 2005 e 2010, enquanto o Paraná disponibilizou no circuito comercial pouco mais de uma dezena de produções. Mas esta é apenas a ponta do Iceberg. O Paraná tem uma produção de filmes de curta e média metragens reconhecida e qualificada.

O Paraná está em situação muito promissora quando se trata de produção de cinema. É sede de diversas produtoras atuando intensamente. Instituiu um prêmio estadual que garante a cada dois anos (que deveria ser anual) a realização de um longa metragem e três telefilmes. Mantém escola de cinema na FAP e outros cursos profissionalizantes. Dispõe de um diversificado e amplo quadro de atores com experiência. O Paraná é também um estado cenário com diversidade de paisagens e de etnias.

Em Curitiba tem-se uma intensa produção de filmes publicitários. Estão instaladas empresas fornecedoras de equipamentos de produção. Também é sede da empresa do estúdio de som do Alessandro Larocca, incontestavelmente, a melhor do país (recebeu quatro das cinco indicações no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro em 2011). Estas fatores potencializam a produção cinematográfica em Curitiba e no Paraná.
Os filmes paranaenses de curta e longa metragem há muito tempo são destaque em festivais internacionais. E, entre as animações, o Brasil produziu menos duas dezenas de filmes em toda a nossa história e dois deles são de Paulo Munhoz, do Paraná. Portanto, posso afirmar que o Paraná, potencialmente, é um grande centro de produção em cinema.

Quais as principais características ou particularidades do cinema paranaense e seus diretores?

O Paraná tem uma variada produção cinematográfica em diversos gêneros e formatos. Eu vou tratar aqui, com certa injustiça, apenas dos filmes de longa metragem produzido nos últimos anos em Curitiba. Por dois motivos. Primeiro, porque são os filmes de longa metragem produzidos para salas comerciais de exibição que efetivamente promovem um território como produtor de cinema. E, segundo, porque é o segmento que conheço melhor.
Os filmes do Paraná possuem qualidade de produção internacional, ou seja, estão qualificados para exibição em qualquer sala de cinema ou canal de TV do mundo. Por outro lado tem se destacado pela qualidade estética, sendo que quase todos eles obtiveram sucesso em festivais internacionais. “Estômago” de Marcos Jorge, foi reconhecido pela crítica brasileira e internacional, conquistou uma legião de fãs, arrebatou vários prêmios em festivais internacionais e obteve bom público em circuitos comercias de vários países. O Sal da Terra fez sucesso em dois festivais internacionais, um em Paris e outro na Califórnia, e é reconhecido como Road movie, ousado e significativo. “Belowars” é a poesia visual na sua forma mais absoluta, foi reconhecido em festivais internacionais e acredito que ainda não foi descoberto pelo público, o que ocorrerá mais cedo ou mais tarde. “Misteryos”, de Beto Carminatti e Pedro Merege, concorreu ao grande prêmio do cinema brasileiro e seguramente deverá ser objeto de estudos nas escolas de cinema pelos planos e seqüências criativas, entre outras qualidades. Corpos Celestes, de Marcos Jorge e Fernando Severo, muito diferente de outros filmes produzidos no Brasil, é uma pérola: elegante, requintado e extraordinariamente bem elaborado. “Brichos”, também de Paulo Munhoz, institui uma família de personagens animados baseados na fauna brasileira que pode vir a se incorporar definitivamente a cultura infantil, com breve lançamento de “Braimforest – A floresta é nossa”. O “Morgue Story: sangue, baiacu e quadrinhos”, de Paulo Biscaia Filho, é também primoroso e representante maior no Brasil das obras elegantes que se incluem no ambiente estético denominado de filme B. O Curitiba Zero Grau, também, de Eloi Pires Ferreira, recupera a tradição dos cronistas locais e a traduz na linguagem cinematográfica com apurada intertextualidade visual. Todas estas obras são candidatas a reverência como filmes Cult que serão assistidos nas mais diversas circunstâncias. Ainda não vi “O Coro” de Werner Schumann e “Circular” de Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon e, segundo o que ouvi, parecem ser dois filmes do mesmo grupo: construção estética apurada com aprimorada linguagem cinematográfica.

Para ler a entrevista completa clique aqui.

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